Desafios e números da agricultura de precisão no Brasil
A adoção da agricultura de precisão (AP) nas lavouras é uma das maneiras mais eficazes para a valorização e desenvolvimento de uma propriedade. Com a utilização de procedimentos e tecnologias que possibilitam análise integral da área, fazendo com que o rendimento do cultivo cresça exponencialmente.
Assim, o produtor obtém uma exploração mais racional de sua propriedade, otimizando o uso de insumos e, consequentemente, ganhando vantagens tanto no aumento do lucro quanto na sustentabilidade, fazendo com que os impactos impostos ao meio-ambiente sejam minimizados.
Qualificação técnica
A agricultura de precisão não se limita apenas ao uso de tecnologia, mas também está presente na organização das lavouras dentro da propriedades, por exemplo, com tratamento diferenciado sendo dispensado a cada área peculiar.
De acordo com José P. Molin, Professor e Coordenador do Laboratório de Agricultura de Precisão (USP-ESALQ), a marcha de adoção da agricultura de precisão avança, em especial na amostragem de solo para aplicação localizada de insumos e o uso de tecnologias embarcadas nas máquinas, para mobilidade nas áreas de cultivo, a exemplo dos sistemas de direção automática (piloto automático) em tratores, colhedoras e pulverizadores.
Mesmo assim são grandes os desafios para a massificação da adoção dessas técnicas para os próximos anos e provavelmente o maior deles é o correto entendimento dos preceitos básicos e a disponibilidade de gente com essa bagagem de conhecimento para atuar no setor.
Expansão do foco
Inicialmente, no Brasil, o foco da agricultura de precisão ia para a indústria de colhedoras, que oferecia as soluções para se gerar mapas de produtividade. Desde então, a modalidade vem aumentando bastante, principalmente nas culturas de soja, cana, milho, café e feijão, além de estar presente também na fruticultura, na pecuária de precisão e na irrigação de precisão.
Em 2001, foram lançadas as primeiras máquinas brasileiras aplicadoras para taxas variáveis de granulados e pós, equipadas com controladores importados. No ano seguinte, surgiram os primeiros controladores nacionais. Assim, a partir de 2002, a agricultura de precisão ganhou grande força no mercado nacional.
Então, vieram as primeiras empresas de consultoria na área. Assim, alguns movimentos passaram a organizar a comunidade de agricultura de precisão no Brasil, algo consolidado em 2012, com a criação da a Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão (CBPA) como um órgão consultivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Três anos depois, em 2015, foi criada a Associação Brasileira dos Prestadores de Serviços em Agricultura de Precisão (ABPSAP), que congrega empresas e os consultores de agricultura de precisão.
Artigos Relacionados
- A importância da agricultura de precisão nas lavouras
- Agronegócio no Brasil: os melhores resultados desenvolvendo ambientes produtivos nos últimos 10 anos
Agricultura de precisão em números
Em pesquisa realizada em 2013 pela empresa de informação e estratégia de mercado do agronegócio Kleffmann Group, diversos dados foram obtidos sobre a agricultura de precisão. Foram entrevistados 992 agricultores em diversas regiões do país.
Cerca de 99% dos produtores apresentavam plantio de soja, seguidos por 42% de milho safrinha, 31% de milho verão e 14% de trigo. Quando perguntados sobre a utilização de alguma técnica de agricultura de precisão na propriedade, 45% deles responderam afirmativamente e destes, 79% diziam que faziam mapeamento para fins de gestão da fertilidade do solo.
Indagados sobre o método de amostragem, 43% destes afirmam utilizar amostragem georreferenciada (em grade). Assim, 15,3% deles realmente utilizam as técnicas de amostragem de solo com vistas à obtenção de mapas para o diagnóstico
da variabilidade espacial dos atributos da fertilidade. Entre o total de aproximadamente 59 milhões de hectares, esse montante chega a 9 milhões de hectares já submetidos a essa técnica.
A pesquisa também analisou a adoção de tecnologias. Dos entrevistados, 62% disseram não possuir equipamentos específicos para a agricultura de precisão, enquanto 38% sim. Destes, 60% possuem piloto automático, 55% monitor de plantio, 36% barra de luz, 34% controlador de taxa variável de fertilizantes químicos, 31% monitor de colheita ou de produtividade, 12% controlador de taxa variável de população de sementes e 9% softwares para agricultura de precisão.
Intenção de investimentos futuros
Também foi abordada a intenção de investimentos futuros em novas tecnologias: 25% pretendem investir em piloto automático, 23% em controlador de taxa variável de fertilizantes químicos, 15% em monitor de plantio, 12% em monitor de colheita ou de produtividade, 12% em controlador de taxa variável de população de sementes. 10% em barra de luz, 5% em softwares para agricultura de precisão e 13% pretendem investir em outras frentes tecnológicas.
Vale ressaltar que tal estudo é de 2013, ou seja, já apresenta dados a serem atualizados. Nos últimos anos, o investimento em agricultura de precisão cresceu bastante, se tornando um dos grandes fatores do sucesso do agronegócio brasileiro.
E você, utiliza métodos de agricultura de precisão em sua propriedade? Quais deles? Compartilhe conosco sua experiência!